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  • Métodos | Contos Do Saber Quil

    Métodos Tudo se passa a partir “do ir para e vir de” um quilombo chamado Itamatatiua, localizado em Alcântara, no estado do Maranhão (Brasil), uma comunidade liderada por Neide de Jesus, filha de Eurico de Jesus, que a mais de três séculos existe e resiste lutando pela continuidade de seus saberes e fazeres, entre tantos, destaca-se a produção de artefatos cerâmicos, um ofício oriundo dos ancestrais, escravos que viviam naquelas terras. O projeto nos mostrou que uma das formas de resistência está também na identificação de seus desafios internos, tais como: a necessidade de agir junto às gerações mais novas para manter a cultura local. O distanciamento das novas gerações das manifestações culturais do território advindas dos ancestrais consiste em um problema que poderá resultar em impactos socioculturais e econômicos. Aqui falamos de território no sentido de territorialidade que reflete o sentimento de pertencimento como algo atrelado ao local onde se vive independentemente da situação geográfica, graças às motivações e interesses em comum como sinais agregadores e de revitalização das Identidades locais e de laços comunitários ou identidade cultural comunitária (SGOTI, 2016). Nesse sentido, entendemos que a educação, base da formação do cidadão, considerando não apenas ações nas escolas, mas também os diversos espaços de produção e divulgação da cultura, necessita de constante inovação nos instrumentos ou ferramentas estratégicas que venham valorizar os povos culturalmente diferenciados e seus territórios. Na perspectiva da sustentabilidade cultural importa o olhar para a geração atual e futura, sem perder de vista o diálogo constante do idoso com esses jovens e crianças de modo que esses sejam levados ao conhecimento, valorização e respeito às diversidades etnicoculturais e à consciência da importância da continuidade dos saberes e práticas, em um processo de intergeracionalidade, que identificam pessoas e seus territórios. Assim começa a história do projeto de extensão “Era uma vez Itamatatiua…”, fruto de uma inquietação: buscar formas de instrumentalizar a educação quilombola com vistas na sustentabilidade cultural. Fazer isso de modo que não fosse colaborativo era algo que não cabia para estes pesquisadores. Assim, o projeto de extensão de caráter multidisciplinar foi realizado por uma rede de vidas, histórias e conhecimentos. Para Amado e Cardoso (2014), uma investigação colaborativa implica no envolvimento entre investigadores e investigados. No entanto, não significa dizer que cada participante tenha a mesma função na tomada de decisões durante todas as etapas ou fases do estudo, a definição das funções depende das necessidades e da situação, e o desenvolvimento da pesquisa ocorre mediante a comunicação em uma rede de colaboração estabelecida entre os envolvidos no estudo. O projeto de extensão recai sobre o método pesquisa-ação, pois propõe interações e interlocuções em um encontro entre o conhecimento tácito e acadêmico que resultem em planejamento de ações para a instrumentalização da educação quilombola e transmissão intergeracional de conhecimentos acerca dos saberes e práticas do quilombo com o intuito de contribuir para a sustentabilidade cultural local. Durante o período de viagens ao quilombo foram elaboradas e aplicadas oficinas visando o compartilhamento das histórias do quilombo de Itamatatiua entre gerações em espaços da comunidade destinados à educação formal e informal, em especial: a escolar e o Centro de Produção de Cerâmica. Realizamos três viagens no período de janeiro de 2020 até março de 2020. Depois, devido à pandemia do novo Coronavírus, repensamos nossas práticas e adaptamos os procedimentos para a realização da quarta viagem, seis meses depois, em setembro de 2020. No ano de 2021 nos concentramos em trabalhos no modo remoto e somente neste ano (2022), em nossa quinta viagem, houveram novos encontros presenciais. Sistematizamos no diagrama abaixo a realização das cinco viagens já realizadas até aqui e que serão descritas considerando três momentos, a citar: 1) pré-viagem, consiste no momento destinado a reflexões e planejamentos 2) viagem, trata das ações com a comunidade e observações “in loco” 3) pós-viagem, aborda o retorno seguido do processamento e sistematização dos dados obtidos em registros audiovisuais. O término do último momento nos levava ao primeiro em um fluxo "prático reflexivo", inerente à pesquisa ação (COUTINHO, 2013), de modo que os dados obtidos em uma fase servirão de base para planejar, aplicar e analisar ações. ​ Nossas práticas estão respaldadas nas premissas da pesquisa-ação, apoiadas em Amado e Cardoso (2014) e envolvendo a relação colaborativa entre extensionistas, escola e comunidade. Visto que pretendia gerar resultados advindos da aplicação prática da abordagem sistêmica e gestão do Design, com base nas pesquisas do NASDesign/UFSC dirigidas à solução de problemas específicos em comunidades, no caso deste projeto, a geração de meios para fomentar a educação quilombola e a sustentabilidade cultural no quilombo de Itamatatiua. As fases do trabalho em uma investigação-ação na escola relatadas por Amado e Cardoso (2014,p.193-194) consistem em criar a equipe; selecionar o foco da investigação e estudo da literatura disponível; recolher os dados a partir de uma variedade de fontes, usando as técnicas habituais dos estudos etnográficos e/ou dos estudos de caso; analisar, documentar e rever os efeitos imediatos, cumulativos e de longo tempo das ações dos alunos e dos professores; desenvolver e implementar as categorias interpretativo-analíticas; organizar e interpretar os dados, agrupando circunstâncias, acontecimentos e artefatos de modo interconectado e sistemático; agir na base de planos redefinidos a curto e/ou longo prazo; repetir o ciclo. O diário de campo aqui utilizado é ferramenta de investigação colaborativa e tornou-se produto dela. Escrito por diversas mãos, nele encontramos os quilombolas, não como sujeitos investigados, mas como sujeitos ativos, produtores de conhecimento e com “voz” a ser ouvida. Durante as interações entre os participantes nos interessava, em especial, as falas de quem faz e conhece a história das práticas voltadas à produção artesanal tradicional e também a oratória e expressões bi e tridimensionais das crianças em interlocuções entre gerações desse território. Somamos “os investigadores e o seu conhecimento de especialistas, por um lado, e investigados com o seu conhecimento local e da prática, por outro.” (AMADO; CARDOSO, 2014, p.191). Nesse interim, as crianças compreendidas como atores sociais, com voz e ação, e participantes do processo de investigação “com competências e saberes específicos e com capacidades de escolha e de decisão de determinados rumos do projeto” (AMADO; CARDOSO, 2014, p.192) também colaboraram e determinaram a pesquisa-ação com o suporte de técnicas de contação de história. A opção metodológica recaiu também sobre a História Oral, pois através das narrativas, obtidas in loco, buscamos, apoiados em Freitas (2006), Alberti (2004) e Meihy e Ribeiro (2011), apreender e registrar experiências e ideias relativas aos saberes e fazeres tradicionais do quilombo, tendo um olhar especial sobre os aspectos influenciadores da continuidade dessas tradições. A história Oral, que envolve não apenas o registro de narrativas, mas também o exercício do observar abrindo nosso olhar sobre a emoção e sentimentos do outro que nos fala, nos permitiu aproximações ao conhecimento e imaginário do quilombo e ofereceu subsídios ao resgate ou renovação da cultura que os representa em suas formas tangíveis (cultura material) ou intangíveis (cultura imaterial). O tangível se manifesta em suas imagens formuladas e concretizadas nos artefatos produzidos pelos membros desse agrupamento, por sua vez o intangível apresenta-se no imaginário expressado nas narrativas acerca do conhecimento tradicional e modo de viver. Contar histórias é uma prática que se encontra em todos os segmentos da humanidade e faz parte de uma tríade mínima de comunicação formada por: emissor, mensagem e receptor. A expressão comunicação “deriva do latim e significa tornar comum, partilhar, voltando, assim, à ideia de circulo, de ir e vir.” (MEDEIROS E MORAES, 2015, p.11). O contar apresenta delimitações temporais e espaciais e se constitui no ato de intercambiar experiências que são passadas de uma pessoa para outra envolvendo narrativas e registros. Ao tratar da palavra falada, Hampâté Bâ (2015), considera que o respeito pela palavra nas sociedades de tradição oral está, principalmente, no ato de transmissão das palavras herdadas de ancestrais ou de pessoas idosas. Frases como “Aprendi com meu mestre”, “Aprendi com meu pai” (HAMPÂTÉ BÂ, 2015. p.161) foram ouvidas por nós em Itamatatiua, confirmando o autor citado sobre a educação que ocorre durante a vida inteira. Narrar sobre modos de viver e produzir, diz respeito não apenas às memórias do passado, mas também ao presente e futuro. Ao provocar os observadores, em um processo contínuo de transferência de experiências e educação que não se encerra em si, realizamos um intercâmbio de informações entre culturas e gerações diversas. Para a explicação do presente a tradição oral necessita da retomada de aspectos transmitidos por outras gerações, dá-se empréstimo do patrimônio narrativo alheio, quase sempre herdado dos velhos. Dona Iracema 1/6 Denise de Jesus 1/3 Surica 1/3 Maria Januário 1/8 Eloísa 1/3 Neide 1/2 Link para acesso aos depoimentos: https://www.youtube.com/channel/UCu2w8RW7yYLSBqk18IDMs5w A ação de contar envolve o compartilhamento de narrativas próprias da cultura de um dado grupo social e, de modo geral, essa técnica permite aos participantes aproximações em um processo de acesso ao passado, reflexões sobre o presente para posteriormente vislumbrar-se futuros. Técnicas de contação de histórias dão suporte ao método história oral e na sala de aula torna-se um recurso de aproximação e construção de teias de diálogos envolvendo alunos, professores, livros e narradores em uma mesma conversa cultural (SANTHIAGO E MAGALHÃES, 2015). Porém, enfatizamos, a escola é uma resposta, porém existem outras já utilizadas pelas sociedades tradicionais. ​ No processo de contar, conforme Noronha (2019), ocorre a abertura de acontecimentos de um dado grupo social aos atores externos. A pesquisadora acrescenta, com base em (INGOLD, 2016, p. 408), que há participação ativa dos atores envolvidos na pesquisa com observação participante, também realizada por nós. Essa é uma prática de correspondência, na qual somos afetados e ao mesmo tempo afetamos uma dada realidade, portanto, não ocorre de forma isolada. O designer/pesquisador é coparticipante nos processos que não se limitam às descrições de fenômenos, “Trata-se, pelo contrário, de responder a esses acontecimentos por meio das próprias intervenções, questões e respostas. Em outras palavras, viver atencionalmente com outros.” Isso implica em identificar os saberes e práticas de um grupo social como formas autônomas de produzir que inspiram, nos trazem aprendizados, e nos levam a pensar sobre novas formas de design e contribuições, mediante pesquisas e ações, em um país rico em diversidades étnicas e culturais. Neste contexto, consideramos a educação institucionalizada ou formal e a educação tradicional ou informal advinda das práticas de transmissão de conhecimentos adotadas por comunidades étnicas como Itamatatiua. Entendemos que os processos metodológicos aplicados à pesquisa em Design não foram aleatórios e podem valorizar a auto representação dos remanescentes do quilombo como estratégia para geração de meios que venham contribuir para a sustentabilidade cultural de comunidades étnicas. São, portanto, referenciais de uso na prática extensionista pretendida, oficinas de contação de histórias no espaço escolar, cuja operacionalização, de forma mais específica, apresenta fases, etapas e procedimentos descritos aqui e continuando o movimento cíclico da pesquisa-ação. REFERÊNCIAS ALBERTI, V. Ouvir contar: textos em história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004. AMARAL, A. M. Do objeto à figura e da imagem à forma. Móin-Móin - Revista de Estudos sobre Teatro de Formas Animadas, Florianópolis, v. 1, n. 12, p. 110-129, 2018. DOI: 10.5965/2595034701122014110. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/moin/article/view/1059652595034701122014110. Acesso em: 9 abr. 2022. AMADO, João; CARDOSO, Ana Paula. A Investigação-Ação e suas modalidades. In: AMADO, João (Org.). Manual de Investigação Qualitativa em Educação. 2. ed. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2014. Cap. 2. p. 187-197 COUTINHO, Clara Pereira. Metodologia de Investigação em Ciências Sociais e Humanas: Teoria e Prática. 2.ed. Coimbra: Almedina, 2013. 421 p. ESCOBAR, A. Autonomía y diseño. La realización de lo comunal. Popayán: Universidad del Cauca. Sello Editorial, 2016. FREITAS, S. M. História Oral: possibilidades e procedimentos. 2.ed. São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2006. GRAY, D. BROWN, S. E MACANUFO, J. Gamestorming: jogos corporativos para mudar, inovar e quebrar regras. Rio de Janeiro, RJ: Alta Books, 2012. 284 p. HAMPÂTÉ BÂ, A. A tradição viva. p 155 - 188. in MEDEIROS, F.H.N.; MORAES, T.M.R. Contação de histórias: tradição, poéticas e interfaces. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2015. – 544pp. INGOLD, T., Chega de Etnografia! A educação da atenção como propósito da Antropologia. In: Educação. Porto Alegre, v. 39, n. 3, p. 404-411, set./dez. 2016. JESUS, Eloisa de: depoimento [jan.2020]. Entrevistadores: G. Cestari, T.Lima, J.Mendes, J.Campos, E.Veloso, M.Romeiro, A.Linhares. Itamatatiua, 2020. Entrevista concedida a Pesquisa Intergeracionalidade e Sustentabilidade Cultural em um Quilombo Maranhense: contação de histórias e oficinas no espaço escolar de Itamatatiua na perspectiva da gestão e abordagem sistêmica do design. IFMA-CH/UFSC. JESUS, Iracema de: depoimento [jan.2020]. Entrevistadores: G. Cestari, T.Lima, J.Mendes, J.Campos, E.Veloso, M.Romeiro, A.Linhares. Itamatatiua, 2020. Entrevista concedida a Pesquisa Intergeracionalidade e Sustentabilidade Cultural em um Quilombo Maranhense: contação de histórias e oficinas no espaço escolar de Itamatatiua na perspectiva da gestão e abordagem sistêmica do design. IFMA-CH/UFSC. JESUS, Maria Januario de: depoimento [jan.2020]. Entrevistadores: G. Cestari, T.Lima, J.Mendes, J.Campos, E.Veloso, M.Romeiro, A.Linhares. Itamatatiua, 2020. Entrevista concedida a Pesquisa Intergeracionalidade e Sustentabilidade Cultural em um Quilombo Maranhense: contação de histórias e oficinas no espaço escolar de Itamatatiua na perspectiva da gestão e abordagem sistêmica do design. IFMA-CH/UFSC. JESUS, Neide de: depoimento [jan.2020]. Entrevistadores: G. Cestari, T.Lima, J.Mendes, J.Campos, E.Veloso, M.Romeiro, A.Linhares. Itamatatiua, 2020. Entrevista concedida a Pesquisa Intergeracionalidade e Sustentabilidade Cultural em um Quilombo Maranhense: contação de histórias e oficinas no espaço escolar de Itamatatiua na perspectiva da gestão e abordagem sistêmica do design. IFMA-CH/UFSC. MEDEIROS, F.H.N.; MORAES, T.M.R. Contação de histórias: tradição, poéticas e interfaces. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2015. – 544 p. MEIHY, José Carlos Sebe Bom; RIBEIRO, Suzana Lopes Salgado. Guia prático de história oral: para empresas, universidades, comunidades, famílias. São Paulo: Contexto, 2011. NORONHA, R.; MARCELLA, A. Conter e contar: autonomía e autopoiesis entre mulheres, materiais e narrativas por meio de Design Anthropology. Pensamentos em Design. UEMG, 2019. SGOTI, Silmara de Mattos. A COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA DOS QUILOMBOLAS CARRAPATOS DA TABATINGA: O DIÁLOGO COMO PRÁXIS DA COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL E GRUPAL. 2016. [121f]. Dissertação( Comunicação Social) - Universidade Metodista de São Paulo, [São Bernardo do Campo] SANTHIAGO, R.; MAGALHÃES, V. B. História oral na sala de aula. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015 (Coleção Práticas Docentes) SITCHIN, H. Por que fazer Teatro de Animação para crianças? Problemáticas, desafios e apontamentos. Móin-Móin - Revista de Estudos sobre Teatro de Formas Animadas, Florianópolis, v. 2, n. 18, p. 095-111, 2018. DOI: 10.5965/2595034702182017095. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/moin/article/view/1059652595034702182017095. Acesso em: 9 abr. 2022. VOLTAR AO TOPO

  • Viagens | Contos Do Saber Quil

    Viagens ​ Itamatatiua se tornou nosso campo de pesquisa, e seus moradores, tornaram-se participantes da pesquisa. Chegamos à liderança da comunidade, aos anciãos e às ceramistas. Também alcançamos 70 (setenta) crianças em 4 (quatro) classes diferentes da Escola Municipal Vereador Manoel Domingos Pereira, compreendidas na faixa etária de 10 à 14 anos e seus docentes. ​ Feita a contextualização dos envolvidos, vamos ao passo a passo adotado e sistematizado nas categorias: (1) pré-viagem; quando arrumamos as malas, (2) viagem, sobre o que é e como é estar lá e (3) o pós-viagem, quando desfizemos as malas para cada uma das cinco imersões no quilombo. Veja o Diagrama do fluxo das viagens. ​ A prática extensionista, dimensão tão importante para a materialidade do conhecimento e integração do processo formativo em conjunto com as dimensões ensino e pesquisa, também cumpre sua dinâmica de planejamento e organização como etapas que precedem e sucedem as vivências em campo. Todo o processo é relevante para uma equipe que estabeleceu objetivos para o desenvolvimento de um trabalho compromissado com preceitos de ordem educativa, cultural, científica e política. ​ Neste projeto, executado em duas etapas, foram planejadas e executadas ações que envolveram o sentir, agir e realizar em momentos correspondentes ao input (entrada de dados, recursos utilizados para gerar o produtos), put put (processamento de dados, relação entre saída e entrada), e output (saída de dados, produtos gerados pelo sistema). Todas as fases e etapas foram guiadas pelo objetivo de instrumentalizar a educação quilombola. No decorrer das ações extensionistas o conteúdo resultante de um ciclo alimentava um novo ciclo, a retroalimentação, (BERTALANFFY, 2010) mostrando-nos a complexidade de um sistema, cujos elementos interdependentes formam uma rede onde se interligam vidas em um ecossistema sociocultural constituído por pessoas, espaços, memórias, motivações, habilidades, formas de viver e produzir. A síntese das ações desenvolvidas na primeira etapa e na segunda etapa é exposta nas a seguir. Todos os registros das narrativas, incluindo velhos (as), adultos(as) e crianças, das oficinas envolvendo desenhos, contação de histórias e teatro, são a expressão da história de vida e resistência de Itamatatiua, uma comunidade que se insere no conceito de autopoiésis (CAPRA; LUISI, 2014 e MATURANA; VARELA, 1995, apud ESCOBAR, 2016) ao fazer parte de um ecossistema no qual é capaz de se autogerir e regenerar, ao buscar meios para manter e (re) produzir seus saberes e fazeres. Histórias foram confiadas a essa equipe na primeira etapa do projeto (input), e em sua segunda etapa foram processadas (put put), e materializadas (output), na forma de registros em um E-book que recebeu o título: Um diário de campo: viajando entre as histórias do quilombo e em recursos audiovisuais realizados com a comunidade e escola para a sustentabilidade da cultura local e educação quilombola. ​ VIAGENS - PARTE 1 ​ A primeira etapa do projeto teve como principal objetivo conhecer as histórias de Itamatatiua por meio das narrativas das variadas gerações. Como ponto de partida fomos ao encontro dos idosos e idosas do local, em especial, aqueles que mais se dedicaram às práticas tradicionais. O segundo passo foi o encontro com as crianças em oficinas implementadas na escola em 4 turmas simultaneamente: fundamental 4, 5, 6 e 7. As oficinas 1, 2 e 3 foram desenvolvidas com base em jogos para contação de histórias e inovação (GRAY, BROW E MACANUFO, 2012). Acreditamos que com essas simples atividades a escola pode ter uma visão geral, na perspectiva das crianças, sobre o quilombo onde nasceram ou vivem. A oficina 1: o mapa mental de Itamatatiua com raízes iniciais indicando o passado, presente e futuro foi preenchido pelas crianças mediante desenhos que representassem o quilombo nesses espaços temporais. Em seguida, palavras e frases ocuparam as demais raízes do mapa expandindo o entendimento sobre as representações gráficas. A oficina 2 foi desmembrada em várias atividades com o objetivo de instigar a criação de histórias. O “mapa da empatia” seguido de uma série de cinco painéis chamada: “mapeando quem sou e onde vivo”. O mapa da empatia consiste em um painel que apresenta um garoto e uma garota de Itamatatiua. Esse foi preenchido com palavras para cada sentido e sentimento dos personagens apresentando o espelho da vida dos participantes em sua comunidade e nele foram explorados os 5 (cinco) sentidos percebidos pelos órgãos sensoriais (pele, língua, nariz, ouvidos e olhos), causando, motivo aos sentimentos das crianças pelo quilombo. O mapa da empatia alimenta uma narrativa e é alimentado por ela, durante o processo de construção. A série “mapeando quem sou e onde vivo” vem servir para detalhar a vida dos personagens. Esse mapa foi elaborado com o intento de abrir o mundo dos personagens detalhando alguns aspectos do modo de ser e viver deles na perspectiva de seus criadores, os participantes da oficina. Cada um apresenta uma ilustração e uma pergunta para as crianças responderem com base nos personagens do mapa da empatia: 1.Qual é a minha comunidade? (com quem eu convivo); 2.O que tem de lindo no meu quilombo?; 3.O que eu costumo fazer em Itamatatiua? 4.O que os adultos do quilombo fazem? 5.O que eu quero ser quando eu for adulto também? 1/5 A oficina 3, parede de memórias, trata de um painel com três quadros para desenhar e contar uma história, com base nos painéis anteriores, em uma sequência lógica. Antes de iniciar conversamos sobre a construção de uma história, como referência utilizamos o mapa da narrativa. Esse mapa foi desenvolvido pelo mentor de narrativas Olavo Pereira Oliveira, trata de um método de contação de história inspirado em estudos sobre o pensamento visual e processo criativo. ​ O objetivo da parede de memórias do quilombo foi explorar o mundo dos personagens mediante o compartilhamento das histórias desenvolvidas pelos participantes, tendo em vista suas vidas e experiências no quilombo, ou seja, as histórias do quilombo sob o olhar das crianças. Mas em apenas 3 (três) quadros! 1/4 A oficina 4, teatro de barro, ocorreu em quatro dias de convivência com diversas gerações em um encontro intergeracional que resultou em contação de histórias sobre Itamatatiua mediante a produção de um teatro produzido por crianças e ceramistas. Estávamos lá, participando de todo o processo, como facilitadores, apenas conduzindo uma sequência de ações planejadas, mas com aberturas às construções e reconstruções por parte daqueles que sabem do que estão falando e fazendo por pertencerem àquela comunidade. Nesse encontro intergeracional, buscamos a participação das crianças de forma criativa e prazerosa, para esse intuito escolhemos inserir a linguagem teatral. A escolha não foi aleatória, encontramos a modalidade do teatro dentro do Centro de Cerâmica, nas bonecas já produzidas pelas ceramistas de Itamatatiua. As bonecas de cerâmica nasceram para além da visão mercantilista, elas guardam memórias e contam histórias conhecidas por quem as moldou. A partir das histórias contadas nos eventos anteriores e recontadas neste, as crianças construíram um texto base para encenação da produção teatral, com personagens de cerâmica, desenvolvida com apoio dos facilitadores, ceramistas e professoras(es). Segundo Sitchin (2018, p.104): “Bonecos são poderosos. Nascem brinquedos, naturalmente aceitos pelas crianças como integrantes de seu universo”. 1/3 Uma vez que buscamos nesses encontros a continuidade das histórias desse quilombo, o teatro de barro construído trouxe à tona memórias afetivas e o sentimento de pertencimento nas crianças e ceramistas, além de fomentar a intergeracionalidade cultural, passagem de saberes e fazeres entre gerações, mediante prática secular desse quilombo. No teatro as bonecas produzidas e exibidas, passaram a ter um novo significado, tornaram-se vivas na imaginação (AMARAL, 2018), artefatos figurativos da história de vida dessas crianças e de seu território. Através da construção e manipulação desse teatro de barro, as crianças puderam recontar as memórias dos idosos desse quilombo. O teatro de barro, como mediador de encontros de vida, processos e histórias, mostrou-se como importante instrumento para a sustentabilidade cultural no quilombo de Itamatatiua. VIAGENS - PARTE 2 Oficinas realizadas e um vasto e rico conteúdo sobre Itamatatiua nos levaram à segunda etapa desse projeto: a produção de quatro vídeos voltados à educação quilombola, cujo o conteúdo foi formado por pesquisas, ações e registros em um diário de campo e, fundamentalmente, por vozes do quilombo. Nesses vídeos histórias foram recontadas, em uma nova linguagem. Como forma de compartilhar os produtos, criamos cartões digitais que podem ser impressos e levados para sala de aula, neles há descrição do tema, QR Code e link de acesso. Oficinas realizadas e um vasto e rico conteúdo sobre Itamatatiua nos levaram à segunda etapa desse projeto: a produção de quatro vídeos voltados à educação quilombola, cujo o conteúdo foi formado por pesquisas, ações e registros em um diário de campo e, fundamentalmente, por vozes do quilombo. Nesses vídeos histórias foram recontadas, em uma nova linguagem. Como forma de compartilhar os produtos, criamos cartões digitais que podem ser impressos e levados para sala de aula, neles há descrição do tema, QR Code e link de acesso. ​ Pretendíamos, com esses produtos audiovisuais, responder às demandas expressadas pelos idosos: aproximar a nova geração da sua cultura "para não morrer". Refletimos sobre o conteúdo e linguagem dos produtos em um workshop com docentes da escola quilombola, momento em que ocorreu o exercício de elaborar atividades para os alunos com base nos vídeos e também o planejamento de um evento para apresentação desses na escola para discentes e comunidade. Chamamos o evento de: "Cineminha em Itamatatiua", esse aconteceu durante dois dias e contou com a presença da liderança representada por Neide de Jesus, ceramistas, discentes e responsáveis por esses. Como fechamento, tivemos as impressões expressadas nas narrativas intergeracionais do quilombo. Dados que estão em processo de análise e sistematização como feedback às próximas ações. REFERÊNCIAS CAPRA, F.; LUISI, P. L. A visão sistêmica da vida: uma concepção unificada e suas implicações filosóficas, políticas, sociais e econômicas. São Paulo: Cultrix, 2014. ESCOBAR, A. Autonomía y diseño. La realización de lo comunal. Popayán: Universidad del Cauca. Sello Editorial, 2016. ​ VOLTAR AO TOPO

  • Conte a sua história | Contos Do Saber Quil

    Conte a sua história R. Afonso Pena, 174 - Centro, São Luís - MA, 65010-030, Brasil eraumavezitamatatiua.centrohistorico@ifma.edu.br Obrigado(a)! Enviar

  • Diário de Campo | Contos Do Saber Quil

    Diário de Campo ​ ​ O diário de campo de um pesquisador está sempre com ele como bagagem fundamental em suas viagens, é utilizado como ferramenta para registro de dados observados. Nele vão constar as descrições sobre procedimentos, interações, ambientes e outros aspectos no contexto da pesquisa. Mas, no ambiente de estudo há de se contar com a imprevisibilidade, pois o pesquisador não se encontra em um campo controlado, mas sim em um espaço onde há pessoas, ações, reações e múltiplos fatores de interferência (MINAYO, 1993; SANTOS et. al., 2018). ​ A importância do diário de campo em um projeto de extensão interdisciplinar, envolvendo diversas habilidades e áreas de conhecimentos, está para além da sistematização e do uso da ferramenta reflexiva pertinente ao objetivo da pesquisa e tomada de empréstimo das práticas etnográficas. Ela está na validação da última fase do trabalho em uma investigação-ação relatada por Amado e Cardoso (2014, p.193-194): repetir o ciclo. ​ Contar, quer seja pela história oral quer seja registrada em laudas, é resistir. Aprendemos com esta comunidade que o passar de geração em geração é a forma mais tradicional de educar e queremos também instruir outros. Faremos isso por meio desta base de registros colaborativa com vistas na produção de um livro (E-book) para divulgação de experiências e possibilidade de replicar ações voltadas à educação quilombola, um produto para um futuro breve. ​ ​ As narrativas dos moradores de Itamatatiua que participaram deste projeto aliadas às observações durante as ações no local preenchem as páginas deste diário de campo revelando momentos de contação de histórias e de produção de artefatos cerâmicos e evidenciando o fato de que o encontro entre vozes de diferentes gerações vem delinear quadros sobre o quilombo do passado, do presente e do futuro na perspectiva dos adultos, idosos e das crianças da escola quilombola. ​ Lá, por mais de três séculos, são produzidos artefatos cerâmicos. Hoje, nascem das mãos habilidosas do seu Elias artefatos voltados à construção civil e das mãos das mulheres, em sua maioria idosas, surgem bonecas, potes, panelas e outros utilitários e figurativos. Essas ceramistas se sentem responsáveis pela transferência dos saberes e fazeres tradicionais que identificam a cultura do quilombo e se mantêm até hoje sob o viés da intergeracionalidade, a passagem das práticas tradicionais de geração a geração nas danças, cantos, cultos, lendas e formas de produzir artefatos cerâmicos. Na cerâmica está a representação de maior destaque e que hoje ultrapassa os limites dos quilombos sendo vendidas para turistas do Brasil e do exterior, recebendo homenagens e prêmios, mérito a resistência das mulheres de Itamatatiua. https://editora.ifma.edu.br/index.php/edifma/catalog/view/87/90/418 A cultura é a expressão do ser, que se manifesta em todas as suas obras e atividades, é a condição poética do espírito no ato de conformar a matéria”, disse Coelho (2008, p. 61- 62). Após aplicação das oficinas desenvolvidas pela equipe do projeto compreendemos que a cultura do quilombo é expressada pelas crianças, adultos e idosos na contação de histórias, uma forma de transferência de experiências utilizada pelos chamados antigos no intento de dar continuidade ao patrimônio cultural imaterial e material local. ​ Nesse processo de contar a história do povoado e do seu ofício, a participação das artesãs mais velhas é e sempre será essencial. Elas escutaram histórias das mães, das avós. Foram ouvintes e hoje são emissoras porque gostam e querem que a história “continue”. Pausadamente elas contam o que viveram e o que os outros lhe contaram: saberes, modos de fazer, modos de vivenciar o seu ofício. O barro criou seus filhos e netos, assim elas dizem com muito orgulho, e esse parece ter o poder de fazer as palavras fluírem enquanto o moldam o barro ou sentadas nas varandas das coloridas casas de Itamatatiua. Veja algumas narrativas das mulheres de Itamatatiua! 1/5 Maria Cabeça 1/3 1/5 Irene No caso das crianças, desenhos e momentos lúdicos tornam o ambiente de contação de histórias mais convidativo. Desse modo, falam sobre o quilombo onde nasceram e recordam tudo que aprenderam com os mais velhos. Por fim, procuramos registrar no nosso diário de campo cada fase e etapa realizadas durante execução do projeto de extensão com o objetivo de expor as nossas experiências a todos os interessados na educação quilombola e sustentabilidade cultural de comunidades quilombolas e também para instigar o desenvolvimento de pesquisas e ações interdisciplinares voltadas ao mesmo fim. A sustentabilidade cultural dos quilombos é uma responsabilidade de todos nós e isso implica em repensar a educação a partir da base. As vozes das (os) ceramistas e moradoras (es) mais velhas (os) da comunidade nos mostraram o caminho para escola, pois é lá que estão as crianças, a nova geração do quilombo que os idosos dizem estarem se afastando das tradições. O dialogo entre diferentes gerações pode ser uma estratégia mediante a inovação ou a renovação do ato de contar histórias. Então, vamos à nossa história ou às nossas viagens às histórias de Itamatatiua? REFERÊNCIAS AMADO, João; CARDOSO, Ana Paula. A Investigação-Ação e suas modalidades. In: AMADO, João (Org.). Manual de Investigação Qualitativa em Educação. 2. ed. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2014. Cap. 2. p. 187-197 COELHO, L. A. L. (org.). Conceitos-chave em Design. Rio de Janeiro: Ed. PUC - Rio. Novas Ideias, 2008. JESUS, Irene de: depoimento [jan.2020]. Entrevistadores: G. Cestari, T.Lima, J.Mendes, J.Campos, E.Veloso, M.Romeiro, A.Linhares. Itamatatiua, 2020. Entrevista concedida a Pesquisa Intergeracionalidade e Sustentabilidade Cultural em um Quilombo Maranhense: contação de histórias e oficinas no espaço escolar de Itamatatiua na perspectiva da gestão e abordagem sistêmica do design. IFMA-CH/UFSC. JESUS, Amaral de: depoimento [jan.2020]. Entrevistadores: G. Cestari, T.Lima, J.Mendes, J.Campos, E.Veloso, M.Romeiro, A.Linhares. Itamatatiua, 2020. Entrevista concedida a Pesquisa Intergeracionalidade e Sustentabilidade Cultural em um Quilombo Maranhense: contação de histórias e oficinas no espaço escolar de Itamatatiua na perspectiva da gestão e abordagem sistêmica do design. IFMA-CH/UFSC. JESUS, Cecília de: depoimento [jan.2020]. Entrevistadores: G. Cestari, T.Lima, J.Mendes, J.Campos, E.Veloso, M.Romeiro, A.Linhares. Itamatatiua, 2020. Entrevista concedida a Pesquisa Intergeracionalidade e Sustentabilidade Cultural em um Quilombo Maranhense: contação de histórias e oficinas no espaço escolar de Itamatatiua na perspectiva da gestão e abordagem sistêmica do design. IFMA-CH/UFSC. JESUS, Maria José de (Maria Cabeça): depoimento [jan.2020]. Entrevistadores: G. Cestari, T.Lima, J.Mendes, J.Campos, E.Veloso, M.Romeiro, A.Linhares. Itamatatiua, 2020. Entrevista concedida a Pesquisa Intergeracionalidade e Sustentabilidade Cultural em um Quilombo Maranhense: contação de histórias e oficinas no espaço escolar de Itamatatiua na perspectiva da gestão e abordagem sistêmica do design. IFMA-CH/UFSC. JESUS, Neide de: depoimento [jan.2020]. Entrevistadores: G. Cestari, T.Lima, J.Mendes, J.Campos, E.Veloso, M.Romeiro, A.Linhares. Itamatatiua, 2020. Entrevista concedida a Pesquisa Intergeracionalidade e Sustentabilidade Cultural em um Quilombo Maranhense: contação de histórias e oficinas no espaço escolar de Itamatatiua na perspectiva da gestão e abordagem sistêmica do design. IFMA-CH/UFSC. MINAYO, Maria Cecília de Souza. O Desafio do conhecimento. 2.ed. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 1993. VOLTAR AO TOPO

  • Página inicial - O Projeto | Contos Do Saber Quil

    Contos do Saber Quilombola O Projeto Tudo começa com a ideia de contar sobre nossas experiências, vivências em um quilombo do Maranhão, com o objetivo de conhecer as histórias de Itamatatiua. Aqui apresentamos o encontro entre saberes, fazeres e educação em um quilombo localizado em Alcântara, município do Maranhão no nordeste do Brasil. Durante as nossas viagens aplicamos a abordagem sistêmica do design voltada para a educação quilombola em um projeto de extensão intitulado “Era uma vez em Itamatatiua...”: a instrumentalização da educação quilombola com vistas na sustentabilidade cultural. Seu desenvolvimento ocorreu de modo colaborativo envolvendo as instituições de ensino: Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), Núcleo de Abordagem Sistêmica do Design da Universidade Federal de Santa Catarina (NASDESIGN/UFSC), Escola Municipal Vereador Manoel Domingos Pereira, localizada na Comunidade de Itamatatiua e o povoado considerando os moradores em suas variadas gerações. Nas viagens ao quilombo, nos deparamos com um imenso conteúdo que está nas narrativas dos quilombolas, mas ainda não está nos livros escolares. Um diário colaborativo abriu espaço para o registro das experiências com a comunidade e a escola na perspectiva de alcançarmos um meio de manter o legado cultural local. Vem conhecer essa história? ​ Canção do Quilombo Meu quilombo tá lindo como o que, meu quilombo tá lindo como o que Meu quilombo tá lindo como o que, vou chamar tia Irene para vim ver Meu quilombo tá lindo como o que, vou chamar Neide para vim ver Meu quilombo tá lindo como o que, meu quilombo tá lindo como o que Meu quilombo tá lindo como o que, vou chamar Canuta para vim ver Meu quilombo tá lindo como o que, vou chamar Eloisa para vim ver Negro venha ver, venha ver como é que é É com Zambe na cabeça, a dança do afoxé Orixá bá bá, não posso perder a cabeça Orixá bá bá, antes que o sol amanheça Orixá bá bá, não posso perder a cabeça Orixá bá bá, antes que o sol amanheça Lé, lé, lé... VOLTAR AO TOPO

  • Agradecimentos | Contos Do Saber Quil

    VOLTAR AO TOPO Agradecimentos

  • Vídeos | Contos Do Saber Quil

    Vídeos Acesse o vídeo pelo link: https://drive.google.com/drive/folders/1OMyqJNbzE3wEh8AzT5xnM9uZVmVMEVhI?u sp=share_link Acesse o vídeo pelo link: https://drive.google.com/drive/folders/14wYvBSWaGktyyDlNsTg9Gbnjqs5nor_H?usp=share_link Acesse o vídeo pelo link: https://drive.google.com/drive/folders/15k6h6clXYZPqxmTAtjXnFeKAFM4km6mK?usp=share_link Acesse o vídeo pelo link: https://drive.google.com/drive/folders/1U6fUd1FVoLmM14E5C3Cc2Cj_LjGMbr5o?usp=share_link VOLTAR AO TOPO

  • Quem Somos | Contos Do Saber Quil

    Quem Somos Este espaço “Contos do Saber Quilombola” vem compartilhar experiências vividas no projeto de extensão: ‘Era uma vez em Itamatatiua...” à comunidade. Entendemos que esse espaço poderá interessar educadores, pesquisadores, comunidades étnicas e todos aqueles que se identificam com os temas relativos a educação e contação de histórias. Mas, quem participou dessa história? Foram muitos! Já que trata de um projeto colaborativo. Na imagem apresentamos alguns dos participantes que representam grupos de pessoas envolvidas neste projeto, a citar: Docentes e discentes do IFMA (São Luís – Maranhão – Brasil); Docentes e discentes do NASDesign/UFSC (Florianópolis – Santa Catarina – Brasil); Docentes e discentes da Escola Municipal Vereador Manoel Domingos Pereira (Itamatatiua – Alcântara – Maranhão - Brasil); Neide de Jesus, líder do quilombo de Itamatatiua (Alcântara – Maranhão - Brasil); Associação das Mulheres de Itamatatiua (Alcântara – Maranhão - Brasil); Mulheres do Centro de Produção de Cerâmica de Itamatatiua (Alcântara – Maranhão - Brasil); Comunidade de Itamatatiua: idosos, adultos e crianças (Alcântara – Maranhão - Brasil); Izabel Matos, artesã e consultora (São Luís – Maranhão – Brasil); Produtora de vídeo educação: Comunave (Florianópolis – Santa Catarina – Brasil); Produtoras de cinema: Caramuru Filmes (São Luís – Maranhão – Brasil). Todas essas pessoas constituem uma rede de colaboradores, vidas e conhecimentos, que juntos geram um sistema com visão voltada à educação quilombola e sustentabilidade cultural de uma comunidade étnica tradicional, o quilombo de Itamatatiua. VOLTAR AO TOPO

  • Abordagem Sistêmica | Contos Do Saber Quil

    ​ A perspectiva da abordagem sistêmica de design ganhou força principalmente pelos problemas enfrentados atualmente, o que exige dos designers uma visão holística do problema até na solução do mesmo, dando então maior ênfase ao todo do que às partes. Essa visão possibilita a inclusão de aspectos importantes na maneira de enxergar o problema, como os relacionados com a sustentabilidade sobre seus pontos sociais, econômicos, ambientais, culturais e principalmente na compreensão das suas relações sistêmicas. ​ Para nossas pesquisas, intervenções e ações adotamos um modelo sistêmico inicial, para pesquisar e entender o evento que pode ser descrito e explicado cientificamente e que está no campo do fenômeno Sistêmico, fenômeno de Design, fenômeno de Gestão assumindo uma forma de pensar, organizar, planejar para chegar à capacidade de escolha do indivíduo entre as várias possibilidades que lhe são apresentadas ou seja, usar a inteligência, assim chegando a algo que se consegue perceber pelos órgãos sensoriais (pele, língua, nariz, ouvidos e olhos), causando, motivo ao sentimento, a ação, falamos do objeto do desejo. Abordagem Sistêmica do Design Neste contexto definimos um protocolo lógico para entender o problema, buscar empatia e motivação dentro de uma estratégia, construir uma forma de pensar para se chegar a uma ideia, estabelecendo uma tática e materializando soluções com definições de operações para apresentar um produto ou serviço a uma comunidade. As pesquisas do NASDesign/UFSC, participante desse estudo, assumem como postulado ontológico, bases referenciadas pelos precursores do pensamento sistêmico. Esse é definido como um complexo de elementos em interação no qual o organismo é um todo maior que a soma das suas partes conforme Bertalanffy (2010). Para Maturana (2001), o sistema é composto por componentes que têm propriedades e que se relacionam a partir destas, configurando uma estrutura própria, definindo a Autopoiese, uma característica de um sistema capaz de se autodefinir, autoconstruir e se renovar a partir dessas duas primeiras ações. ​ Capra (1998), por sua vez, entende que o sistema é a relação entre os componentes processo, forma, matéria e significado (a interação entre esses componentes representa o metabolismo sistêmico). O autor defende o princípio da interdependência em que todos os membros de uma comunidade ecológica estão interligados em uma ampla e intrincada trama de relações, a "teia da vida''(CAPRA, 1998). Deste modo, entende que "uma comunidade humana sustentável está ciente das múltiplas relações entre seus membros, bem como das relações entre a comunidade como um todo e seu ambiente natural e social. ​ Nutrir a comunidade significa nutrir todas essas relações” (CAPRA; LUISI, 2014, p. 436). no caso de Itamatatiua, uma comunidade composta por histórias e tradições que, ao passo que são mantidas, identificam a cultura local. A cultura perpetua-se em seu dinamismo criado por redes sociais em um fluxo cíclico onde valores e crenças são continuamente compartilhados, modificados e sustentados em ciclos de feedback (CAPRA; LUISI, 2014). ​ Os mais conhecidos discursos políticos e sociais sobre sustentabilidade estão associados à preservação e conservação e, ao contrário disso, na concepção de Manzini (2008), caminhar rumo à sustentabilidade é o contrário da conservação. Em outras palavras, a preservação e a regeneração de nosso capital natural ambiental e social significará romper com as tendências dominantes em termos de estilo de vida, produção e consumo, criando e experimentando novas possibilidades. Manzini (2008), argumenta que o design assume uma abordagem sistêmica quando sua tarefa é o desenvolvimento de um novo produto/serviço com o pensamento voltado para a sustentabilidade, pois a mudança provocada pelo design afeta o mundo físico, biológico e social e enfatiza que ao se tratar de inovação e sustentabilidade importa a resiliência. nesse contexto o envolvimento da comunidade, que ao seu modo se renova, mantém suas tradições (re) produzindo-as, (re) criando modos de fazer e viver no quilombo, ou seja, fazendo design (MANZINI, 2017). ​ Para visualização desta fusão, o diagrama ontológico do NASDesign mostra o campo de entendimento da nossa aplicação das formas de pensar sistemicamente de cada autor citado, no contexto e tendo em vista conceitos relativos a Sistema, Gestão, Inovação e Design. REFERÊNCIAS BERTALANFFY, L. Teoria Geral dos Sistemas: fundamentos, desenvolvimento e aplicações. Tradução: Francisco M. Guimarães. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. CAPRA, F. A Teia da Vida: uma nova compreensão científica da vida dos sistemas vivos; Tradução Newton Eichemberg, São Paulo: Cultrix, 1998. CAPRA, F.; LUISI, P. L. A visão sistêmica da vida: uma concepção unificada e suas implicações filosóficas, políticas, sociais e econômicas. São Paulo: Cultrix, 2014. MANZINI, E. Design para a inovação social e sustentabilidade: comunidades criativas, organizações colaborativas e novas redes projetuais. Tradução de C. Cipolla. Rio de Janeiro: Epapers, 2008. MATURANA, H. R. Cognição, ciência e vida cotidiana. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2001 VOLTAR AO TOPO

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