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A perspectiva da abordagem sistêmica de design ganhou força principalmente pelos problemas enfrentados atualmente, o que exige dos designers uma visão holística do problema até na solução do mesmo, dando então maior ênfase ao todo do que às partes. Essa visão possibilita a inclusão de aspectos importantes na maneira de enxergar o problema, como os relacionados com a sustentabilidade sobre seus pontos sociais, econômicos, ambientais, culturais e principalmente na compreensão das suas relações sistêmicas. 

Para nossas pesquisas, intervenções e ações adotamos um modelo sistêmico inicial, para pesquisar e entender o evento que pode ser descrito e explicado cientificamente e que está no campo do fenômeno Sistêmico, fenômeno de Design, fenômeno de Gestão assumindo uma forma de pensar, organizar, planejar para chegar à capacidade de escolha do indivíduo entre as várias possibilidades que lhe são apresentadas ou seja, usar a inteligência, assim chegando a algo que se consegue perceber pelos órgãos sensoriais (pele, língua, nariz, ouvidos e olhos), causando, motivo ao sentimento, a ação, falamos do objeto do desejo. 

Abordagem Sistêmica do Design

Neste contexto definimos um protocolo lógico para entender o problema, buscar empatia e motivação dentro de uma estratégia, construir uma forma de pensar para se chegar a uma ideia, estabelecendo uma tática e materializando soluções com definições de operações para apresentar um produto ou serviço a uma comunidade.

As pesquisas do NASDesign/UFSC, participante desse estudo, assumem como postulado ontológico, bases referenciadas pelos precursores do pensamento sistêmico. Esse é definido como um complexo de elementos em interação no qual o organismo é um todo maior que a soma das suas partes conforme Bertalanffy (2010). Para Maturana (2001), o sistema é composto por componentes que têm propriedades e que se relacionam a partir destas, configurando uma estrutura própria, definindo a Autopoiese, uma característica de um sistema capaz de se autodefinir, autoconstruir e se renovar a partir dessas duas primeiras ações. 

Capra (1998), por sua vez, entende que o sistema é a relação entre os componentes processo, forma, matéria e significado (a interação entre esses componentes representa o metabolismo sistêmico). O autor defende o princípio da interdependência em que todos os membros de uma comunidade ecológica estão interligados em uma ampla e intrincada trama de relações, a "teia da vida''(CAPRA, 1998). Deste modo, entende que "uma comunidade humana sustentável está ciente das múltiplas relações entre seus membros, bem como das relações entre a comunidade como um todo e seu ambiente natural e social. 

Nutrir a comunidade significa nutrir todas essas relações” (CAPRA; LUISI, 2014, p. 436). no caso de Itamatatiua, uma comunidade composta por histórias e tradições que, ao passo que são mantidas, identificam a cultura local. A cultura perpetua-se em seu dinamismo criado por redes sociais em um fluxo cíclico onde valores e crenças são continuamente compartilhados, modificados e sustentados em ciclos de feedback (CAPRA; LUISI, 2014).

Os mais conhecidos discursos políticos e sociais sobre sustentabilidade estão associados à preservação e conservação e, ao contrário disso, na concepção de Manzini (2008), caminhar rumo à sustentabilidade é o contrário da conservação. Em outras palavras, a preservação e a regeneração de nosso capital natural ambiental e social significará romper com as tendências dominantes em termos de estilo de vida, produção e consumo, criando e experimentando novas possibilidades. Manzini (2008), argumenta que o design assume uma abordagem sistêmica quando sua tarefa é o desenvolvimento de um novo produto/serviço com o pensamento voltado para a sustentabilidade, pois a mudança provocada pelo design afeta o mundo físico, biológico e social e enfatiza que ao se tratar de inovação e sustentabilidade importa a resiliência. nesse contexto o envolvimento da comunidade, que ao seu modo se renova, mantém suas tradições (re) produzindo-as, (re) criando modos de fazer e viver no quilombo, ou seja, fazendo design (MANZINI, 2017).

Para visualização desta fusão, o diagrama ontológico do NASDesign mostra o campo de entendimento da nossa aplicação das formas de pensar sistemicamente de cada autor citado, no contexto e tendo em vista conceitos relativos a Sistema, Gestão, Inovação e Design.

REFERÊNCIAS

BERTALANFFY, L. Teoria Geral dos Sistemas: fundamentos, desenvolvimento e aplicações. Tradução: Francisco M. Guimarães. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

CAPRA, F. A Teia da Vida: uma nova compreensão científica da vida dos sistemas vivos; Tradução Newton Eichemberg, São Paulo: Cultrix, 1998.

CAPRA, F.; LUISI, P. L. A visão sistêmica da vida: uma concepção unificada e suas implicações filosóficas, políticas, sociais e econômicas. São Paulo: Cultrix, 2014. 

MANZINI, E. Design para a inovação social e sustentabilidade: comunidades criativas, organizações colaborativas e novas redes projetuais. Tradução de C. Cipolla. Rio de Janeiro: Epapers, 2008.

MATURANA, H. R. Cognição, ciência e vida cotidiana. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2001

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